terça-feira, 17 de julho de 2007

Madrugada Companheira


A Lâmpada do quarto estava na penumbra. Eu já a havia regulado de maneira que não atrapalhasse meu sono. Na verdade, eu nem estava com sono. Por mais que tentasse, ele não me vinha. Mas, também, pela quantidade de café tomado, só podia mesmo ser esse resultado. Insônia! A minha grande companheira de todas as noites.
Prevendo que seria essa mesmo a minha sina em mais uma noite, pus-me a levantar e ligar o aparelho de TV. Nada! Só filmes enlatados, prontos pra consumo dos menos exigentes ou então programas evangélicos fazendo sua ronda noturna à caça de almas cansadas da vida, mas ávidas de uma palavra amiga.
Eu já não faço parte deste rol. Posso até estar cansado, mas meu dinheiro não é capim para ser queimado no altar do fogo santo de Israel ( que não pode mesmo ter vindo de Israel) e nem meu dinheiro é óleo vindo de Jerusalém para embalsamar meu corpo.
Sendo assim, me resta desligar o aparelho de TV e recorrer ao rádio. Mas eu gosto mesmo é de Rádio AM. Pra ouvir gente falando, vidas existentes na noite.
Rádio FM só toca música, e de música eu to enjoado. Vivem no meu cotidiano durante todo o dia. Já não vejo tanta graça assim, afinal. Mas gente não... Gente é diferente. Cada qual tem sua vida e sua estória, e ela aparece de algum jeito. E o comunicador sempre instiga, e o ouvinte sempre fala. E vira mesmo um bate papo legal. Diferente dos bate-papos de internet onde todo mundo fala escrevendo, e não tem condições de expressar a real emoção com que responde a uma pergunta. Todos falam tudo e ninguém fala nada ao mesmo tempo. Não, bate papo de internet é sem vida, e todo mundo só quer saber de sexo. Pára com isso!!! Quero mesmo meu radinho AM. Nele ouço conversas, e então, aventuro-me a até ir ao terraço da casa e levar comigo o meu companheiro da vida noturna. Ah! Mas não posso esquecer também a minha garrafa de café, o meu cafezinho. Ele será meu companheiro desta noite com lua quase cheia e uma fagulha de estrelas no oriente, mirando um destino que por tempos eu mesmo quis perseguir, mas não consegui.
E assim vai se passando o tempo e vão se passando as horas, o comunicador informa: duas da manhã, três...cinco...cinco e meia e aí aquele sono parece querer bater a porta... aí é preciso aproveitar... mas qual, nada!
Vou é fazer mais um pouco de café por que logo mais tenho que estar pronto pra rotina do dia.

sábado, 7 de julho de 2007

Busca...


Onde você estava, que não te achei em lugar algum? Eu ainda te procurei por todos os cantos dessa cidade imensa. Procurei-te nas ruas, nas lojas, nos bares, nas praças, e até nas “porteiras”, debaixo das frondosas figueiras, oliveiras e paineiras, mas não consegui te achar. Somente senti seu cheiro pela janela todas as noites de ninguém, quando pensei e repensei em você e em como seu sorriso é puro, mas ao mesmo tempo divertido.
Mas em que lugar você se meteu?
Eu não te acho. Procuro, rebusco, percejo, labuto a tentar encontrar-te, mas não consigo saber onde você estava. Minha mente divagou, viajou, alucinou e tentou em vão achar-te em cada canto vil desta imensidão de metrópole.
Mas foi na noite, a minha maior companheira, que eu percebi uma pista, e um caminho de onde te encontrar.
Foi a minha mais intensa amiga que me revelou onde você poderia estar.
Foi passando horas ao lado da lua, consultando as estrelas, proseando com os habitantes da intrínseca noite que fui me acometendo de uma certeza de achar-te. De perceber-te.
Foi em longas horas de um monólogo infindável que tive a certeza de que, durante todo este tempo em que esteve longe, em que não te vi, que te procurei, mas mesmo assim senti haver perdido você, sim, foi dessa forma que cheguei a conclusão, após aconselhar-me com o crepúsculo e o alvorecer, ao mesmo tempo, que concluí na verdade que você nunca esteve longe. Sempre esteve presente. Escondida, mas presente em meu coração. Nunca saiu dele, só se fez de estátua, gélida estátua, para depois, derreter o invólucro de gelo postado em camadas de frieza fora de você, com o calor abrasador do meu sentimento.
Só eu tirei você de mim, e só agora posso recolocar-te de novo de onde você nunca deveria ter saído.