quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Uma canção para Ana ( Un Chanson pour anna)

Sinto-me preso. A você?... Não sei. Mas à sua alma. Tento ser moderno, mas não consigo afastar a hipótese de que falar de outra pessoa me incomoda. Eu não queria, mas isso me persegue. Sofro, porém, calado. Queria dar um grito, mas estou mudo. Minha voz está cortada. Embargada. Mas meu coração está preso. A você?... Não sei. Mas à sua alma. Ouço sua voz pelo telefone. Ela me anima, me desperta, me encoraja, me ilude, me confunde e até me esvazia a tristeza de não ver-te. Mas ele tem que estar presente à nossa conversa. É inevitável que esteja. Afinal, vocês estão interligados, e isso eu não posso controlar. Odeio-me por não poder ser um deus e domar o tempo, fazê-lo parar, para só depois de elimina-lo de sua vida, deixar o relógio prosseguir. Por tudo isso, sinto-me preso. A você?...Não sei. Mas à sua alma.Ouço uma música. Até três. A minha vida é recheada de músicas. Estou irrequieto, até que a canção diz que assim como dois são um só, eu te guardo em mim. Fico mais doce com a linda voz do intérprete ao fundo. Deleito-me na melodia, e você me vem à mente e principalmente ao coração. Mas, apesar de ser uma canção sem fim, a música acaba. E assim, novamente, sinto-me preso. A você?...Não sei, mas à sua alma.Minha mente divaga, ao longe. Ela viaja, por você, pela sua vida. Ela quer entrar em você. Quer inundar-te, quer conhecer-te até a exaustão. Quer saber dos seus mais recônditos pensamentos. Seus anseios. Seus desejos. Mas não posso. Restrinjo-me apenas ao seu aroma no meu cérebro. Assim... imaginável. Estou preso. A você?...Não sei. Mas à sua alma. Há se eu pudesse ganhar-te! Se pudesse laçar o seu coração. Se pudesse aprisioná-lo. Se ao menos pudesse enlaçar-te.Mas não posso. Não consigo. Bloqueia-me apenas a percepção de saber que o seu coração ainda é dele. É pra ele. É fútil lutar. É vã a perceja. Só há a conformação. E a esperança. Esta não morre. Fica. Espera. E está presa. Ao seu coração?...Não. Esta presa à sua alma.Esta é a prisão dos incautos. A prisão dos que fazem do ofício do amor o seu passatempo.A prisão dos que sonham. A prisão dos que mendigam uma parte do seu sentimento. Um pedacinho do seu desejo. A prisão dos que pelejam, mas perdem. Eu estou só. E agora, estou apenas defronte ao computador, meu companheiro de mágoas. Meu ouvinte de amargor. Debruço-me cansado. Arrasado pelo desejo. Quero embora. Meus ombros pesam. Meu coração palpita. E depois de ensaiar diversas idas, sento-me e recomeço a saga de novamente pensar em vocês, no plural, de sofrer um pouco nesta odisséia às vezes interminável.Por tudo isso, Ana é que sinto-me preso.A você?...Talvez. Mas quem sabe esta prisão sirva para mostrar-me que nem tudo é apalpável. Nem tudo está ali, a nossa vista. Ao alcance de nossas mãos.E quem sabe o dia que ele não estiver entre nós, eu possa sentir-me preso. Mas dessa vez, à sua boca!P.S.: Neste momento o arco-íris no céu é lindo e transforma-se em dois, após uma chuva fina que caiu na cidade, nesta tarde, misturada com um sol de janeiro. Ele parece ter vindo exatamente da direção de sua casa, portanto, quem sabe não teria trazido alguma mensagem sua?Acho que vou lá fora perguntá-lo. Beijos.

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